A realização da mastectomia tem impacto significativo na autoestima das pacientes de câncer de mama, pois interfere em um dos principais símbolos da feminilidade. Felizmente, existem diversas técnicas que permitem reconstituir a mama após esse procedimento, utilizando próteses de silicone, expansores, entre outros. Decisões que dependem da quantidade de tecido removido e das condições de saúde de cada paciente. Hoje, até mesmo a aréola (região circular rosada na ponta da mama) pode ser “reconstruída” por meio da micropigmentação, um procedimento semelhante à tatuagem, que refaz o “desenho” da aréola sobre a pele das pacientes.
Anteriormente, a reconstituição da aréola era realizada pelo enxerto. Retirava-se um fragmento da pele da região da virilha, que era sobreposto ao seio. Essa técnica, no entanto, está em declínio. “Há pacientes que preferem não remover um fragmento da pele. Além disso, o enxerto deixa uma cicatriz na parte interna da coxa”, explica Dr. Maurício Castello, médico titular do Núcleo de Cirurgia Plástica e Reparadora do A.C.Camargo. “Assim, por ser mais prática e não provocar cicatrizes, a micropigmentação tornou-se a primeira opção para esses casos.”
Por se tratar de um procedimento estético e não cirúrgico, a micropigmentação pode ser realizada por profissionais da saúde ou até mesmo um artista especializado. No entanto, cabe ressaltar que a técnica, por se tratar de uma tatuagem, não reconstitui tecidos e terminações nervosas. Portanto, não recupera a sensibilidade da região mamilo-areolar, comprometida pela mastectomia.
Cuidados e contraindicações
De acordo com Dr. Maurício Castello, a micropigmentação é contraindicada somente em casos de alergia à tinta utilizada no procedimento. “Funciona como uma tatuagem tradicional: faz-se a marcação do contorno e a coloração. Essa tinta é fisicamente aceita, mas em alguns casos pode ocasionar uma reação alérgica”, explana o médico. Para diagnosticar uma possível alergia, é preciso conhecer os componentes químicos utilizados na tinta e consultar um médico antes da aplicação.
Apesar de oferecer poucos riscos, a micropigmentação não ocorre concomitantemente à cirurgia reparadora, mas funciona como uma técnica complementar. Em geral recomenda-se realizá-la três meses após a última cirurgia reconstrutora, pois assim há tempo suficiente para a pele cicatrizar completamente. “Como em muitos casos a pigmentação é feita em cima da cicatriz, ela precisa estar madura”, orienta Dr. Maurício.
Como outras tatuagens, a micropigmentação da aréola também pode descolorir com a passagem do tempo. Mesmo que tenha um caráter permanente, um retoque pode ser necessário a cada dois anos.
Dr. Mauricio Castello Domingues – CRM 73899
Médico titular do Núcleo de Cirurgia Plástica e Reparadora
Especialista em Cirurgia Plástica – RQE nº 17530